Pane e Circo
Ninguém riu
Quando subiu a cortina
Compenetrados nas suas rotinas
Ninguém chorou
Quando parou o motor
E nem mesmo os leões
Se interessaram pela refeição
De carne e osso e desilusão
Era um claro sinal
Não há mais bobos na corte
Não há mais água na fonte
Não há mais golpes de sorte
Só jogos de azar
E ninguém vai rir
Quando a cortina baixar
Ninguém viu
A queda do equilibrista
Tão apegados a um ponto de vista
Ninguém notou
Quando a represa secou
E foi tarde demais
Pra rascunhar uma frase de efeito
Pedindo paz, proteção e direitos
Era o ponto final
Não há mais bobos na corte
Não há mais água na fonte
Não há mais sol no horizonte
Nem vista pro mar
E ninguém vai rir
Quando a poeira baixar.